quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Alunos prestam homenagens a bombeiros de JF que atuaram em Brumadinho

Escola Estadual Fernando Lobo recebeu militares com cartas de agradecimento e admiração

Militares do 4º Batalhão de Bombeiros Militar de Juiz de Fora, que atuaram nas operações de resgate em Brumadinho, estiveram na Escola Estadual Fernando Lobo para dividir com as turmas do 3º ao 8º ano do ensino fundamental as experiências no local do desastre. A iniciativa partiu da professora eventual Erika Schubert, que observou nos primeiros dias de aula o impacto das notícias sobre as crianças. “Perguntei aos alunos o que eles tinham feito nas férias e, quando comentaram que viram televisão, surgiu o assunto da tragédia. Eu imaginei que fosse acontecer isso, já que mexeu tanto com todo mundo. Então levei algumas gravuras com enfoque nos bombeiros e o trabalho deles.” Vendo o interesse dos estudantes, a professora sugeriu que escrevessem cartas aos militares. A integração foi tanta que ela decidiu convidá-los a comparecer à escola nesta terça-feira (19).

“Quando a equipe chegou, foi surpreendida por diversas cartinhas escritas aos bombeiros, e as crianças puderam entregar para uma parte dos militares que estiveram em Brumadinho. Algumas chamaram a atenção porque eles [estudantes ] associam a figura dos bombeiros a super-heróis. Tinha, inclusive, desenhos dos bombeiros com capas de herói. Também impressionou a riqueza de detalhes. O nosso uniforme está passando por mudanças, e muitas crianças nos retrataram com uniforme alaranjado”, conta admirado o Capitão Acácio Tritão Gouveia, do 4º Batalhão de Bombeiros Militar, que ouviu dos colegas o relato da visita. Entre as cartas, também estavam dizeres de agradecimento e benção divina, além de admiração pela coragem e força dos militares e dos cães que ajudaram na operação.
Encontro dos militares com estudantes aconteceu na tarde desta terça-feira, em Juiz de Fora (Foto: Erika Schubert)
Em conversa com os bombeiros, as crianças tiveram espaço para suprir suas curiosidades e fazer perguntas sobre a profissão e os trabalhos realizados em Brumadinho. Para a professora, o encontro foi importante para destacar a solidariedade como algo que pode ser cultivado. “Queria mostrar, através do exemplo dos bombeiros, as atitudes que podemos tem em relação ao outro. Quando eles vão trabalhar, o sentimento deles é maior. Não está ali só o bombeiro, mas o ser humano que quer ajudar o outro. Eles falaram que nessa hora eles não sentem o calor, nem o peso da roupa, só sentem a vontade de ajudar o próximo e amenizar a dor do outro. Acho que ficou para os alunos o testemunho de como podemos nos doar para as pessoas”, comenta.
“Eles associam a figura dos bombeiros a super-heróis. Tinha, inclusive, desenhos dos bombeiros com capas de herói”, conta o Capitão Acácio Tritão Gouveia (Foto: Erika Schubert)
Para o capitão, o encontro é também uma oportunidade para educar as crianças sobre a prevenção aos desastres. “Leva a uma reflexão sobre a importância da cultura de prevenção, para evitar que desastres como esse aconteçam e que, caso aconteça, eles saibam o que fazer: saberem da existência do plano de contingência, a importância de agir em caso de emergência. Em locais que tenham sirene, conhecer as rotas de fuga, saber se comportar diante de um sinistro como esse”, ressalta o militar.

Outras cartas

Não foi a primeira vez que os militares receberam cartas de crianças sobre a tragédia de Brumadinho. “Recebemos cartas da comunidade de Brumadinho e uma que nos marcou muito pedia: ‘Bombeiros, encontrem meu pai'”, lembra o capitão, que atuou duas vezes na cidade e esteve em missão em Mariana três anos atrás.
Apesar do sentido positivo que a profissão recebeu por conta dos desastres, o militar lamenta terem que repetir a experiência. “Apesar do volume de rejeitos em Brumadinho ser menor que em Mariana, o que impactou foi a quantidade de vítimas. Quando saímos de Mariana achamos que nunca mais íamos vivenciar uma ocorrência deste tipo e, três anos depois, voltamos a Brumadinho com um número muito maior de vítimas. É uma experiência que não gostaríamos de passar novamente.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário