quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Zema tenta ser Bolsonaro, mas parece ser Pimentel

Governador tenta emular o presidente nas suas críticas à imprensa, mas lembra mais seu antecessor, que usava da mesma prerrogativa



Ao atacar a imprensa, como fez ontem com o jornal O TEMPO, o governador Romeu Zema (Novo) tenta emular Jair Bolsonaro, que por vezes critica os veículos que apontam fragilidades de seu discurso ou de seu governo. No entanto, em muitas vezes, o governador parece imitar mais o PT do que o atual presidente da República.


O ataque de ontem se deu após o jornal publicar reportagem na qual parlamentares relatam que há pressão do governo para evitar uma CPI para investigar o crime de Brumadinho, que provocou tantas mortes de moradores da região e trabalhadores da Vale. O governador se esquece, ou talvez não saiba, pois ele próprio admitiu em áudio no início da campanha que não acompanhava notícias de política, que o jornal O TEMPO apontou o mesmo em relação ao governador Fernando Pimentel. Em 17 de junho de 2017, O TEMPO mostrou que a base aliada do governador manobrou contra a CPI do Mineirão.

O jornal tem apontado situações estranhas no atual governo, que em muito se assemelha ao anterior. Recentemente, a coluna Aparte mostrou que o Estado contratou um acusado de estupro para uma diretoria regional da Secretaria de Desenvolvimento Social. O conteúdo saiu na coluna Aparte, a mesma coluna que, em 2015, apontou que o governo de Pimentel havia nomeado um assaltante foragido para o cargo. Em ambos os casos foi a publicação do jornal que forçou a exoneração, evitando que o cidadão mineiro fosse representado por cidadãos que definitivamente não estão acima de qualquer suspeita.

A tática que Zema usa, de criticar a imprensa, não foi criada por Bolsonaro, mas justamente pelo PT. A diferença é que o que hoje é chamado de extrema imprensa antes era chamado de imprensa golpista. Só mudaram os atores, mas o tom das críticas é o mesmo.

Não é só nisso que Zema se parece com o governo do PT. Pimentel, desde o primeiro dia de sua administração, culpou o PSDB por todas as mazelas de seu governo. Sempre repetiu exautivamente, a cada agravamento da crise financeira, que recebeu uma herança maldita do antecessor. Igualzinho o que faz agora Romeu Zema para livrar-se de críticas quando retém ilegalmente recursos dos municípios, por exemplo.

Ao encher o governo de políticos tucanos, faz exatamente o que fez Pimentel com o MDB em seu governo. Com a diferença de que o MDB fazia formalmente parte da chapa que elegeu Pimentel em 2018. Ao nomear derrotados eleitoralmente de seu partido, age exatamente como os governos do PT historicamente fizeram.

Zema foi eleito pregando um governo novo, mas tem reciclado práticas e é papel do jornalismo apontá-las. A imprensa não pode se omitir quando há uma promessa de reduzir 80% dos comissionados e a reforma administrativa sugere apenas 8,7%. Ou quando o governador diz que não irá mais ter indicados políticos e muda de ideia antes mesmo de completar dois meses de governo. Não por acaso, tem gente até mesmo do partido do governador insatisfeito. Tal como fez Dilma Rousseff, o governo prometeu uma coisa e quer entregar outra. Isso não é novidade nenhuma.

O tempo

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